O movimento maker é uma extensão tecnológica da cultura do “Faça você mesmo”, estimulando as pessoas a construírem, modificarem e consertarem os próprios objetos, com as próprias mãos. Essa mudança de pensamento faz com que prática e tecnologia incentivem uma abordagem criativa, interativa e proativa de aprendizagem (…) o famoso “pôr a mão na massa” (SILVEIRA, 2016).
Esse movimento integrou-se às mudanças atuais da educação. A BNCC “propõe a superação da fragmentação disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.” (BNCC, p. 64) O PEC, em consonância, fala da necessidade de proporcionar projetos que garantam o protagonismo do aluno e a sua representação nas diferentes instâncias da vida e da organização escolar (PEC 53).
O SANFRA utiliza várias estratégias para desenvolver o Xaveriano em sua totalidade, nas diversas dimensões, transformando-o em protagonista de sua aprendizagem. Uma delas, desde 2018, é o espaço maker, equipado com bancadas, computadores conectados à internet com programas e aplicativos, como o Inkscape+ e o Tinkercad, cortadora a laser, impressora 3D, plotter de corte e ferramentas.
Um dos projetos realizados, “Ipiranga na ponta dos dedos”, do 9º ano, nasceu da proposta dos professores Márcia Cotrim (Química), Viviane Tanaka (Física), Valdeci Carneiro Jr. (Matemática) e Amanda Oliveira (Geometria) de tornar o bairro mais acessível para os deficientes visuais do Colégio Padre Chico. Foram feitas sessões de convivência com os alunos da instituição, uma visita ao Parque da Independência para estudo das mudanças propostas e estimativas para a construção do projeto final: uma maquete do parque e seu entorno, fidedigna, em escala. Para isso, usaram-se os softwares da impressora 3D, fundamentos de escala, potenciação, unidades de medidas, semelhança de figuras geométricas e mais conhecimentos das áreas envolvidas no projeto.
Outro projeto maker proposto pelos professores Viviane Tanaka (Física) e Valdeci Carneiro Jr (Matemática) foi a construção de um carrinho de rolimã pela 2ª série do Ensino Médio. Usando conhecimentos das distintas áreas, como coroa circular, perímetro, área de polígonos, trigonometria, função de 1º e 2º grau, força de atrito, movimento uniformemente variado, movimento circular, velocidade, etc, os Xaverianos construíram o carrinho desde a aquisição dos materiais, gravando o passo a passo do trabalho em vídeo e encerrando com uma competição em que se avalia a performance geral de cada montagem.
Vê-se que a inserção da cultura maker na educação transforma conhecimento teórico e fragmentado em algo prático, que faz sentido para os Xaverianos, permitindo que sejam sujeitos não só dos projetos do SANFRA, mas também de seus próprios projetos de vida.
Artigo escrito por Mariana Barone Beauchamps , Professora De Língua Espanhola, para a SANFRA em Revista.